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QUEM É

ESSA MULHER?

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Histórias sobre resistência,
força e axé

O Bloco

Sábado de manhã. Avenida Mauro Ramos, coração da cidade de Florianópolis. O batuque contagiante do samba-reggae ecoa e atinge quem passa pela via movimentada, que conecta a Baía Sul à Baía Norte de Floripa. É no espaço do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) que cerca de 50 a 100 mulheres se reúnem aos fins de semana para os ensaios do Bloco de Carnaval Cores de Aidê

A trajetória do bloco teve início em 18 de junho de 2016. Formado apenas por mulheres, sua criação partiu da iniciativa da banda florianopolitana de mesmo nome, também composta apenas por mulheres. Ao idealizar a formação do bloco, o intuito era o de “abrir espaço para todas as mulheres que se identificam e têm vontade de participar efetivamente de um bloco de samba-reggae e, mais ainda, das Cores de Aidê”, como descrito na página do bloco na internet

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"Quando eu saí do primeiro ensaio, parecia que eu estava flutuando de alegria"

- Carolina

Já em seu primeiro encontro, a iniciativa conseguiu reunir mais de 50 mulheres. Aproximadamente 250 delas já passaram pelo Bloco Cores de Aidê durante os três anos do grupo. A diversidade de mulheres presentes neste espaço garante trocas e aprendizados, além de discussões sobre as relações de opressão existentes na sociedade brasileira. 

Para muitas dessas mulheres, fazer parte do Cores de Aidê representa muito mais do que tocar os instrumentos característicos do samba-reggae ou dançar nas apresentações do bloco. Viver o Cores é um ato de resistência, força e axé!

"São mulheres que querem estar juntas, que se fortalecem no encontro"

- Tânia

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Depoimento

Patrícia, 44 anos, mulher, mãe-solo e negra. Ouça a história dessa mulher que fez do bloco parte essencial de sua vida.

"Eu atribuo ao Bloco o motivo da minha permanência em Santa Catarina." - Patrícia
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O Bloco
A Banda

A Banda

A banda florianopolitana Cores de Aidê surgiu em 2015, por iniciativa de Sarah Massí, regente e percussionista, em um contexto de valorização da cultura afro e da música como forma de expressão. O grupo composto atualmente por 10 mulheres - apaixonadas pelo samba-reggae - utiliza a voz, a percussão e a dança para ocupar espaços e vê, nesse estilo musical,  um modo de fortalecimento de todas as mulheres. 

A proposta de um grupo exclusivamente feminino tocando samba-reggae destoa do cenário composto, tradicionalmente, por homens deste estilo musical. Através do Cores de Aidê, elas enaltecem a emancipação das mulheres, a autoestima e o direito de ocupar todos os espaços. 

Samba-Reggae

Na contagem regressiva, o coração acelera. O sorriso e o arrepio são inevitáveis quando a energia do ritmo explode no ambiente. A força contagiante do samba-reggae é algo único.

O gênero samba-reggae surgiu na Bahia, na década de 1980, criado por blocos afro-carnavalescos que se juntaram em Salvador. Em sua coluna para a Revista Raça, Margareth Menezes, cantora e compositora, se refere ao músico Antonio Luís Alves de Souza, mais conhecido como Neguinho do Samba, como pai do ritmo. “Foi ele quem registrou o samba-reggae e assumiu essa criação. Na sua simplicidade e competência, Neguinho do Samba mostrou a que veio e, mesmo sem ter aproveitado financeiramente do potencial da sua obra, escreveu seu nome na história”, expressou a cantora.

Como o próprio nome explica, esse estilo de música é a mescla entre o samba, de raiz africana, e o reggae latino. Entretanto, de forma não tão explícita, também existe influência estadunidense, que estimula o movimento de afirmação negra e a valorização da origem africana, parte marcante do gênero.

Representante da cultura negra, o ritmo populariza termos de origem africana utilizado em rituais religiosos. “As letras de músicas de samba-reggae refletem a necessidade de afirmar a expressividade da cultura negra. [...] As composições se impõem como um ato político”, escreve Roberta Rosa Portugal no estudo “Samba-reggae: uma afirmação do sagrado, cultural e político” para a Revista Odere da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

Entre os instrumentos utilizados estão agogô, xequerê, repique, caixa, timbal e surdo. Alguns destes são de fabricação artesanal e possuem modelos exclusivos para realizar sons específicos do samba-reggae. Para o Bloco e a Banda Cores de Aidê, todas as baquetas e alguns instrumentos são encomendados de Salvador para seguir fiel ao estilo e suas particularidades. 

O Samba-Reggae
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Aidê nos Guia

Negra Africana Aidê - Cantiga de Capoeira
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Aidê é uma figura mitológica das histórias afro-brasileiras eternizada nos cânticos de capoeira. Mulher negra, africana de olhos esverdeados que foi traficada para o Brasil durante o escravismo, período que durou desde o Brasil Colônia (1500-1815) até o fim do Brasil Império (1822-1889).

A história de Aidê conta que seu senhorzinho se apaixonou por ela. Em troca de sua liberdade, o senhor propõe que a escrava se case com ele, mas Aidê recusa e foge para o Quilombo de Camugerê. Lá, ela encontra a verdadeira liberdade junto aos seus.

 

"No quilombo de camugere

Liberdade Aidê encontrou

Juntou-se aos negros irmãos

 

Descobriu um grande amor

Hoje Aidê canta sorrindo,

Ela fala com muito louvor:

Liberdade não tem preço,

O negro sabe quem te libertou, Aidê"

Cada uma das mulheres da formação atual da banda Cores de Aidê traz sua bagagem de vivências e militâncias, construindo a identidade artística e política do grupo. A identificação com a figura mitológica vem da representação de uma mulher que não vende seus valores e nem negocia seus afetos.

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Aidê

Obrigada!

À todas as integrantes do Bloco Cores de Aidê, fica o nosso muito obrigada! Obrigada pela disponibilidade, pela liberdade de todos os sábados se colocarem diante das nossas câmeras. Aprendemos muito com todas vocês neste último mês e certamente continuaremos aprendendo!

Obrigada a Sarah por ter nos aberto esse espaço e, principalmente, obrigada Aidê, por ter nos mostrado toda a sua força!

Expediente
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